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Operando em modo piloto desde março do ano passado, o F Bank está programado para iniciar suas operações em setembro. Durante o período de testes, o banco realizou em média 2.500 transações diárias para 29.700 clientes, gerando 17.600 chaves PIX e movimentando um total de 21.800.000 reais. Este anúncio ocorre num momento crucial de captação para a instituição, que busca novos investidores, capitalizando-se no vasto mercado representado pelas favelas brasileiras.
Com um consumo que ultrapassa os 200 bilhões de reais, as favelas representam um mercado significativo, superando o volume registrado em 22 estados brasileiros. Embora carentes de infraestrutura básica, como saneamento e mobilidade, estas comunidades abrigam grandes concentrações de trabalhadores qualificados, devido à sua proximidade com os centros urbanos. De acordo com a última prévia divulgada pelo IBGE, estima-se que 16 milhões de pessoas residam em favelas, um número que se espera que aumente para 18 milhões no último censo oficial.
Apesar dos desafios de infraestrutura, as favelas são caracterizadas por um forte empreendedorismo e identidade local. De acordo com dados do Data Favela, 7 em cada 10 residentes têm seu próprio negócio na comunidade, e muitos aspiram a empreender localmente, mesmo que isso signifique triplicar sua renda.
Athayde observa que o sistema financeiro atual muitas vezes é mais um obstáculo do que uma ajuda para essas comunidades. Os bancos e fintechs frequentemente não compreendem as necessidades específicas das favelas e não contribuem para o desenvolvimento do ecossistema local. Para resolver esse problema, o F Bank pretende implantar 5.000 gerentes em 5.000 favelas, utilizando as casas das lideranças da Central Única de Favelas (CUFA) como bases de atendimento, criando uma rede de agências bancárias locais. Esses gerentes serão membros da comunidade, capazes de se comunicar de forma eficaz com os moradores e oferecer serviços personalizados.
Além do F Bank, outras iniciativas têm surgido para oferecer serviços financeiros nas favelas brasileiras. A Conta Black, criada há sete anos por Sergio All e Fernanda Ribeiro, oferece uma modalidade de conta de pagamento e, recentemente, expandiu seus serviços para incluir investimentos a partir de 10 reais. O G10 Bank, lançado em 2021 pela ONG G10 Favelas, atua em comunidades como Paraisópolis, oferecendo serviços como PIX, transferências e depósitos, além de ter inaugurado sua primeira agência física em janeiro deste ano, na mesma comunidade.