Crédito da Foto: AssCom Dourado

O rebaixamento do Cuiabá para a Série B foi o desfecho previsível de uma temporada repleta de falhas dentro e fora de campo. Em seus quase 23 anos de história, o clube viveu seu primeiro descenso, resultado de decisões equivocadas e uma série de episódios que comprometeram a campanha.
A diretoria seguiu à risca o que muitos chamam de "cartilha do rebaixamento". O planejamento pecou ao confiar na base das temporadas anteriores, apostando na repetição de desempenhos passados. Retornos de ex-jogadores e a inclusão de jovens talentos não compensaram a falta de renovação e qualidade no elenco.
O primeiro grande revés veio em fevereiro, ainda durante o Campeonato Mato-grossense, com a saída do técnico António Oliveira para o Corinthians. A indefinição sobre o novo treinador demorou longos 85 dias, até que Petit assumisse o comando, já com o Brasileirão em andamento. Esse atraso comprometeu o início da campanha, que foi desastroso: cinco derrotas seguidas, sem marcar sequer um gol, algo inédito desde a implementação do sistema de pontos corridos com 20 clubes.
Outro momento polêmico foi o embate entre a diretoria e o atacante Deyverson. Após ser barrado por "motivos disciplinares", o presidente Cristiano Dresch afirmou que o jogador só voltaria ao time se renovasse contrato. Na mesma ocasião, Dresch fez duras declarações sobre a motivação dos atletas, criticando diretamente o comprometimento do elenco.
Apesar de uma breve recuperação sob o comando de Petit em junho, o Cuiabá retornou ao Z-4 na 20ª rodada e não conseguiu sair mais. Na segunda janela de transferências, a diretoria demonstrou ineficiência ao liberar quatro jogadores, incluindo Deyverson, e trazer apenas um reforço, que não permaneceu até o fim do campeonato.
Em agosto, após uma sequência de maus resultados, Petit deixou o cargo, sendo substituído por Bernardo Franco, ex-auxiliar sem experiência como treinador principal. A aposta em um técnico inexperiente, somada à postura da diretoria em inflacionar ingressos e afastar torcedores, resultou na pior média de público do Cuiabá desde sua estreia na Série A, em 2021.
A crise se agravou com atrasos salariais, culminando na não quitação dos vencimentos de outubro. Esse episódio simbolizou o ápice de uma gestão marcada por falhas que refletiram dentro de campo. Com apenas 27 gols marcados e 44 sofridos até o momento, o desempenho pífio foi inevitável.
Agora, o Cuiabá precisa reorganizar-se, aprender com os erros e trabalhar para retornar à elite do futebol brasileiro. A queda é um marco doloroso, mas pode servir de lição para um futuro mais sólido e competitivo.