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O processo eleitoral da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF), que deveria ocorrer de forma transparente e imparcial, tem caminhado para um cenário de forte influência externa e possível manipulação.
O atual interventor da entidade, Luciano Hocsman, vem sendo apontado como uma das peças centrais nesse movimento, ao lado de figuras ligadas ao meio político estadual.
O advogado Diogo Fernando Pécora de Amorim, presidente do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) da FMF, entrou na disputa pela presidência de última hora e passou a atuar como se já estivesse à frente da entidade.
Indicado por Hocsman — que assumiu a federação em junho — e respaldado pelo presidente da Federação Gaúcha, Pécora transformou a sala da presidência da FMF em seu próprio gabinete, despachando diariamente e utilizando a estrutura interna em benefício de sua candidatura.
Segundo apuração de A Gazeta, o candidato tem pressionado dirigentes de clubes utilizando recursos da instituição, atitude considerada irregular e contrária a princípios éticos. Entre os clubes, a postura tem sido vista como uma tentativa de impor um "candidato da CBF", o que tem gerado grande desconforto.
Apesar das negativas de intervenção direta, Pécora enfrenta resistência crescente, inclusive entre apoiadores do ex-presidente Aron Dresch, que deixou o comando da FMF em maio.
Interferência política amplia a crise
A disputa ganhou peso político. Com clubes relatando pressão constante, o processo eleitoral passou a atrair figuras externas ao futebol. A pré-candidata ao Senado, deputada Janaína Riva (MDB), adversária do governador Mauro Mendes (União), tem marcado presença em eventos ligados à FMF, buscando aproximação com dirigentes de diversas regiões do estado.
Alguns dirigentes comentam, nos bastidores, que Janaína estaria inclinada a apoiar diretamente a candidatura de Pécora. Outro nome que passou a circular com frequência no ambiente da federação é o de Luís Veríssimo, presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e amigo de Hocsman. Sua presença constante em Cuiabá, mais frequente do que nas sessões do tribunal, tem levantado questionamentos entre dirigentes.
Assim, Hocsman e Janaína parecem atuar paralelamente, cada um com interesses distintos, enquanto a eleição da FMF se transforma em palco de articulações alheias ao futebol.
‘Candidato da CBF’ enfrenta rejeição nos bastidores
Pécora só ingressou oficialmente na disputa após a chegada de Hocsman ao estado. A proximidade entre ambos cresceu rapidamente — o próprio candidato chegou a ceder seu escritório para que o interventor trabalhasse enquanto a sede da FMF passava por reformas.
A aliança deu origem ao projeto de candidatura alinhada à CBF, contrariando o cenário inicial, no qual os postulantes eram Aron Dresch, o empresário e CEO do Mixto, Dorileo Leal, e o publicitário Humberto Frederico, ex-aliado de Dresch e hoje adversário.
Entretanto, a candidatura articulada por Hocsman e Pécora não encontrou a receptividade esperada. Dirigentes ouvidos pela reportagem rejeitam abertamente o nome do advogado e defendem autonomia total da federação. A avaliação predominante é a de que a “quarta via” tem pouca adesão e representa risco de interferência externa indevida.
O clima é de tensão, e a eleição marcada para 2 de dezembro promete ser uma das mais conturbadas da história recente da FMF.










