Crédito da Foto: Gilvan de Souza/Flamengo
O Flamengo divulgou, na noite desta segunda-feira, um comunicado intitulado “Fair Play Financeiro”, apresentando uma série de sugestões para aprimorar a gestão e o equilíbrio financeiro do futebol brasileiro. Entre as propostas, o clube defende o fim dos campos sintéticos no país e a criação de restrições a clubes em recuperação judicial.
O documento foi apresentado durante reunião na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que também discutiu outros temas, como o uso do impedimento semiautomático.
Principais propostas do Flamengo
Proibição de gramados artificiais: o clube propõe que os gramados sintéticos sejam banidos de todas as competições profissionais nacionais, argumentando que a diferença nos custos de manutenção em relação aos gramados naturais gera desequilíbrio financeiro entre os clubes e risco à saúde dos atletas.
Regras para clubes em recuperação judicial: o Flamengo sugere impedir que clubes usem o período de suspensão de pagamentos de dívidas como vantagem competitiva. Nesse intervalo, o clube não poderia registrar novos jogadores, e o descumprimento das regras resultaria em perda de pontos.
Controle total de custos: a ideia é que o controle financeiro vá além da folha salarial tradicional, incluindo direitos de imagem, luvas, comissões, bônus e tributos.
Impactos e contexto
Caso aprovada, a proposta poderia afetar diretamente clubes como o Vasco, que enfrenta questionamentos na Justiça sobre sua recuperação judicial. Documentos enviados à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro indicam supostas irregularidades na condução do processo e tratamento desigual entre credores.
Por fim, o Flamengo declarou estar disposto a colaborar com a CBF como uma plataforma de apoio na implementação do Sistema de Sustentabilidade do Futebol (SSF), iniciativa que busca estabelecer regras mais claras e justas para o equilíbrio econômico dos clubes brasileiros.
Veja o comunicado do Flamengo:
“O Clube de Regatas do Flamengo vem participando ativamente das discussões sobre o Sistema de Sustentabilidade do Futebol (SSF), um modelo brasileiro de Fair Play Financeiro, conduzidas pela comissão instituída pela CBF.
Com o intuito de contribuir para o aprimoramento das práticas de governança e sustentabilidade no futebol brasileiro, o Flamengo enviou, por escrito, sua posição detalhada à comissão responsável. O compromisso do Flamengo transcende os números, dedicando-se ao esporte, à competição justa e a um Fair Play que represente os verdadeiros princípios do futebol.
Tratamento de clubes em RJ/REJ: impedir que clubes utilizem o período de não pagamento de dívidas (entre a decretação da RJ/REJ e a homologação do acordo) como vantagem competitiva, bloqueando o registro de novos atletas neste período e perda de pontos.
Definição ampla de custos: controlar não apenas a “folha salarial” (CLT), mas também o custo total do elenco, incluindo direitos de imagem, luvas, bônus, comissões de agentes e impostos.
Bloqueio de brechas contábeis: impedir que custos do futebol profissional masculino sejam “maquiados” como investimentos em categorias de base ou em futebol feminino por meio de rateios fictícios.
Controle de caixa mínimo: Implementar indicadores antecedentes, como a necessidade de capital de giro saudável, para prevenir crises de liquidez.
Transações com partes relacionadas: desconsiderar ou limitar transações entre partes relacionadas (ex.: clube e empresa do mesmo dono) que possam inflar as receitas ou ocultar os custos. Aportes de capitais, por exemplo, não devem ser contabilizados como receita recorrente.
Uso de ratings: adotar um sistema de classificação (como o utilizado por consultorias especializadas), no qual clubes com melhor gestão (classificação elevada) tenham mais margem de manobra, criando um incentivo à boa governança.
Sanções eficazes: focar as sanções na restrição de janelas de transferência, e que estas sejam cumpridas integralmente, mesmo que a causa da punição seja sanada, para desestimular a procrastinação.
Implementação do “Teste de Proprietários e Dirigentes”: criação de uma avaliação composta por regras e critérios para determinar se os novos (ou potenciais) proprietários e dirigentes de um clube são aptos para o cargo. O objetivo é proteger a imagem e a integridade da competição e dos clubes, assegurando que os indivíduos que gerenciam ou adquiriram clubes sejam confiáveis e tenham capacidade financeira comprovada.
Exequibilidade Efetiva do Sistema: implementar uma governança aparelhada para executar punições automáticas, com base em dados factuais e financeiros, incluindo a aplicação de punições e restrições.
Proibição de Gramados Artificiais: os gramados de plástico devem ser eliminados imediatamente de todos os torneios nacionais profissionais. A discrepância nos custos de manutenção entre gramados naturais e artificiais provoca desequilíbrios financeiros entre os clubes e prejudica a saúde física de jogadores e atletas.
O Clube de Regatas do Flamengo continuará participando da elaboração e execução do Sistema de Sustentabilidade do Futebol (SSF), conforme a proposta da Confederação Brasileira de Futebol, e já cumprimenta a entidade pela louvável iniciativa”










