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O cenário administrativo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) voltou a ser abalado por mais uma reviravolta. Nesta quinta-feira (15), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) determinou o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da entidade e nomeou Fernando Sarney, filho do ex-presidente José Sarney, como presidente interino e interventor.
A decisão, proferida pelo desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro, também estabelece a realização de novas eleições em caráter de urgência para a escolha definitiva da diretoria da CBF. O afastamento de Ednaldo ocorre em meio a suspeitas de fraude documental em um acordo que havia sido homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e que garantiu sua permanência no comando no início do ano.
O pedido que resultou na anulação do acordo foi protocolado pelo próprio Fernando Sarney, que apontou possível vício de consentimento, questionando a veracidade da assinatura de Antônio Carlos Nunes Lima, o Coronel Nunes, ex-presidente da CBF. Um laudo pericial apresentado ao TJRJ indicou que não é possível atestar a autenticidade da assinatura de Nunes, levantando a hipótese de que ele não tenha formalmente autorizado o documento.
Inicialmente, o caso foi submetido ao STF, mas o ministro Gilmar Mendes recusou o pedido e remeteu o processo ao TJRJ, solicitando uma apuração mais detalhada dos fatos.
Com a decisão judicial, Fernando Sarney — que ocupava a vice-presidência da CBF pela Região Sul — assume interinamente a liderança da entidade. Membro de uma das famílias mais influentes da política brasileira, ele assume a missão de conduzir o processo eleitoral e tentar devolver estabilidade institucional à confederação.
A CBF vive mais um momento de turbulência. Desde a saída de Marco Polo Del Nero, em 2017, a entidade tem sido marcada por instabilidade e disputas internas. Ednaldo Rodrigues, que havia sido celebrado como o primeiro presidente negro da história da CBF, agora enfrenta seu segundo afastamento judicial. O primeiro, ocorrido em dezembro de 2023, foi revertido após o acordo agora colocado sob suspeita.
Entre os desafios de Fernando Sarney estão a organização das próximas competições das seleções masculina e feminina — como a Copa América e as Olimpíadas — e o retorno da credibilidade institucional da CBF.
Até o momento, a confederação não se pronunciou oficialmente sobre a decisão judicial nem sobre o calendário para convocação das novas eleições. Enquanto isso, o comando do futebol brasileiro volta às mãos de uma figura com fortes ligações à velha política nacional.