Crédito da Foto: Fred Gomes
O desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), determinou nesta quinta-feira (16) o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
No lugar dele, o magistrado designou o vice-presidente Fernando Sarney como interventor provisório da entidade, com a missão de convocar novas eleições “com a maior brevidade possível”.
Na decisão, o magistrado declarou nulo o acordo que havia sido homologado pelo STF e que sustentava a permanência de Ednaldo no comando da CBF.
O motivo seria a suspeita de falsificação da assinatura de um dos signatários, o ex-presidente da CBF Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, apontado também como mentalmente incapaz de firmar o documento.
"Declaro nulo o acordo firmado entre as partes, homologado outrora pela Corte Superior, em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários", escreveu o desembargador.
Ednaldo recebeu a notícia enquanto estava em Assunção, no Paraguai, onde participava de evento oficial da FIFA. A defesa pode recorrer aos tribunais superiores, como o STJ ou o STF.
Em dezembro de 2023, ele já havia sido afastado por decisão semelhante, mas conseguiu retornar ao cargo um mês depois com aval do ministro Gilmar Mendes, do Supremo.
Fernando Sarney, escolhido como interventor, é um dos vices da CBF e atualmente faz parte da oposição a Ednaldo. Ele não participou da chapa de reeleição aclamada em março deste ano, embora seu mandato como vice se estenda até 2026.
A crise se agravou com dois pedidos recentes enviados ao STF pedindo a saída de Ednaldo. Tanto a deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ) quanto o próprio Fernando Sarney alegaram que a assinatura do Coronel Nunes no acordo de pacificação institucional era falsa. Um laudo pericial teria confirmado a suspeita de falsificação.
Esse acordo havia encerrado uma ação judicial que questionava o processo eleitoral da entidade, permitindo a eleição de Ednaldo em março. Com a suspeita de fraude no documento, a legitimidade da eleição foi colocada em xeque.
Atendendo decisão do ministro Gilmar Mendes, o caso retornou ao TJ-RJ para apuração urgente. O desembargador Zéfiro chegou a convocar Coronel Nunes para prestar esclarecimentos, mas o ex-dirigente não compareceu, alegando problemas de saúde. Com isso, o magistrado decidiu pela remoção imediata de Ednaldo.
Esta é a segunda vez que o Tribunal de Justiça do Rio determina o afastamento de Ednaldo Rodrigues. A primeira, em 2023, também foi revertida no Supremo.
Movimentação nos bastidores da Seleção
Em meio à turbulência jurídica, Ednaldo anunciou na segunda-feira (13) a contratação do técnico Carlo Ancelotti para comandar a Seleção Brasileira após a Copa América.
A estratégia seria ganhar apoio popular diante da pressão interna. O anúncio veio antes mesmo de uma confirmação oficial por parte do Real Madrid, clube que ainda não se manifestou sobre a saída do treinador.
No dia seguinte, Ednaldo se reuniu com presidentes de federações estaduais na sede da CBF, no Rio. A intenção era consolidar apoio político e garantir respaldo jurídico, mesmo com o risco de derrota no TJ-RJ.
Apesar do otimismo demonstrado na ocasião, a decisão desta quinta acabou contrariando os planos do dirigente. Agora, o futuro da entidade depende dos desdobramentos nos tribunais superiores.










