Crédito da Foto: Rubens Chiri / São Paulo FC

O Cuiabá entrou com ação contra o São Paulo na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) da CBF para cobrar R$ 1 milhão referente ao atacante Gustavo Santana, jogador do Dourado atualmente emprestado ao Tricolor paulista na categoria Sub-20.
O valor corresponde a uma multa contratual prevista caso o atleta atuasse contra o Cuiabá — cláusula válida também para competições de base. Em junho, Gustavo entrou em campo por seis minutos contra o Dourado pelo Campeonato Brasileiro Sub-20, configurando, segundo o clube mato-grossense, o descumprimento do acordo.
Mesmo com a situação, o São Paulo não realizou o pagamento, levando o Cuiabá a recorrer à CNRD para assegurar o cumprimento do contrato. O empréstimo do jogador, firmado no início da temporada, inclui uma opção de compra de 70% dos direitos econômicos por R$ 700 mil, mas a diretoria do Dourado condiciona a concretização da venda à quitação da multa.
— O São Paulo argumentou que, por se tratar de competição de base, não haveria problema em escalar o jogador. No entanto, o Campeonato Brasileiro Sub-20 envolve atletas profissionais. O próprio São Paulo já negociou jogadores da base por valores expressivos, alguns passando de 10 milhões de euros, sem sequer atuar na equipe principal — afirmou o presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch.
Dresch também comentou sobre a tramitação do processo e criticou a lentidão da CNRD:
— O contrato deixava claro que Gustavo não poderia enfrentar o Cuiabá, mas mesmo assim ele foi escalado. A CNRD tem prazos muito longos, então agora só nos resta aguardar. A ação já foi protocolada, o São Paulo se manifestou, e estamos no aguardo do julgamento — explicou.
Gustavo Santana, de 20 anos, participou de 33 partidas pelo São Paulo em 2025, marcando nove gols pelo Paulista Sub-20. Revelado pelo Santos e com passagens pelo Sub-20 e pelo elenco profissional do São Bernardo, o atacante atuou pelo Cuiabá em 2024, disputando o Brasileiro Sub-20 e a Copa FMF.
Além do São Paulo, outros grandes clubes também possuem dívidas com o Cuiabá. Corinthians, Santos e São Paulo acumulam juntos R$ 36,5 milhões em processos na CNRD, enquanto o Atlético-MG foi condenado a pagar R$ 5 milhões pelo caso do atacante Deyverson. Ao todo, o Dourado tem mais de R$ 40 milhões a receber de clubes nacionais.
Dresch defende maior rigor da CBF na aplicação das regras da CNRD:
— É necessário que a CBF coloque em prática as normas que já existem, equilibrando a situação, pois clubes com menor capacidade financeira sofrem com fluxo de caixa e precisam recorrer a financiamentos pagando juros altos — afirmou.
O dirigente ainda ressaltou a importância da venda de atletas para o equilíbrio financeiro do clube:
— Nossa receita principal vem de direitos de transmissão, patrocínios e placas de publicidade. Como essas fontes não são tão expressivas quanto em clubes maiores, investir na formação de atletas é essencial para gerar lucro e reinvestir na estrutura do clube — disse Dresch.
O São Paulo, por sua vez, informou que o caso está sendo analisado na Justiça e prefere aguardar o desfecho do processo antes de se manifestar publicamente.