Crédito: Vitória Maria

Campeão pela nona vez da Corrida de Reis, realizada neste domingo (12), o paratleta Allender Leandro da Silva, 43 anos, construiu uma trajetória marcada por superação e vitórias.
Aos 13 anos, uma picada de cobra lhe causou deficiência na perna esquerda, ao atrofiar o nervo, e comprometeu parcialmente sua visão — com perda total no olho esquerdo e apenas 75% da capacidade visual no direito.
Mesmo com as adversidades, Allender encontrou no atletismo uma forma de se reinventar. Nesta edição da corrida, ele cruzou a linha de chegada em 39 minutos e 55 segundos, garantindo mais um título na categoria PCD (Pessoa com Deficiência).
— Eu jogava futebol e gostava muito, mas com minha condição não conseguia mais jogar. Comecei a me preparar fisicamente pensando que poderia me adaptar melhor. Depois, participei de uma corrida na minha cidade e percebi que tinha potencial para ser atleta paralímpico. Desde então, deixei o futebol e abracei o atletismo. Já são 22 anos nesse esporte — relembrou Allender.
Sua relação com a Corrida de Reis começou sem pretensões, mas logo se transformou em paixão.
— Na primeira vez corri com atletas sem deficiência, sem muita noção sobre o atletismo. Depois dessa experiência, me apaixonei. Sempre que posso, estou aqui competindo — afirmou.
Natural de Guiratinga (MT), Allender enfrentou outro grande desafio em 2014, quando foi diagnosticado com câncer. O tratamento em Barretos (SP) o afastou das competições por dois anos. Em 2017, já recuperado, ele voltou às pistas e conquistou novamente o primeiro lugar na categoria paralímpica.
— Fiquei dois anos sem competir, mas com a graça de Deus voltei sendo campeão. Representar Guiratinga e Mato Grosso é algo muito especial para mim. Espero continuar subindo ao pódio por muitos anos — destacou.
Para o paratleta, a Corrida de Reis é mais do que uma competição.
— Essa corrida tem uma importância enorme para mim. Foi onde ganhei visibilidade como atleta paralímpico. São 40 anos de história dessa prova, e eu estou aqui celebrando cada conquista. Se Deus permitir, quero continuar competindo por muito tempo — finalizou.
A trajetória de Allender é um exemplo de fé, resiliência e amor ao esporte, consolidando seu nome como um dos grandes símbolos do atletismo paralímpico em Mato Grosso.